segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

"O QUE É SER POBRE DE ESPIRITO?

 (04/01/16)
JESUS estando na sinagoga num sábado, como era seu costume, lendo o profeta Isaías, disse à congregação: O Espírito do Senhor é sobre mim, pois me ungiu para evangelizar os POBRES (Lc 4:18-20). Quando João Batista enviou dois discípulos a fim de que certificassem se Jesus era o Messias esperado, Jesus sinalizou, entre outros sinais que indicavam ser Ele o Messias, que o evangelho estava sendo anunciado aos POBRES (Mt 11:5). Noutra ocasião disse: “Bem-aventurados vós, os POBRES, porque vosso é o reino de Deus” (Lc 6:20).
Pobre, tanto pode ser a pessoa desprovida de bens materiais, de conhecimento acadêmico; inferior em qualidade, como também, deplorável por causa de deficiência espiritual. Neste último sentido, uma passagem tem sido interpretada equivocadamente: “Bem-aventurados os POBRES de espírito porque deles é o reino dos céus” (Mt 5:3).
A mais equivocada é que “pobre de espírito” é o crente, porque tem somente o Espírito de Deus, enquanto o incrédulo tem muitos. Outros, que “pobres de espírito” são as pessoas mentalmente incapazes. Interpretações totalmente equivocadas. Traduções modernas, e algumas antigas, contextualizaram o texto, interpretando-o corretamente: “Bem-aventurados os HUMILDES de espírito porque deles é o reino dos céus”.
O texto quer dizer isso mesmo: Pessoas cônscias de suas necessidades espirituais, que reconhecem humildemente sua necessidade da graça de Deus são bem-aventuradas, porque Jesus veio primeiramente a estas; sem excluir os ricos, porque estas pessoas geralmente são mais receptivas e propensas em ouvir as boas novas. É um engano pensar que a humildade esteja presente apenas em locais e em pessoas pobres; ou incultas. Há ricos humildes, e pobres orgulhosos. A humildade vem do interior da pessoa.
Os critérios de Deus são outros. Ricos e intelectuais muito contribuíram para a difusão do Evangelho; tiveram condições de peitar autoridades e conquistar liberdades. Observe os quatro evangelistas: Mateus gozava de uma boa posição financeira como coletor de impostos do poderoso governo romano, era tão abastado financeiramente que a fim de tornar Jesus conhecido aos seus colegas promoveu um grande banquete.
Marcos era filho de uma mulher rica de nome Maria, e gozavam de boa posição em Jerusalém (At 12:12). Ao que parece era amigo de Pedro, que o levou à conversão (I Pe 5:13). Lucas era médico, e se ainda hoje pertencem à elite intelectual e financeira, imaginemos há 21 séculos. João evangelista, filho de Zebedeu e Salomé, do pouco que se conhece vinha de uma família abastada (Mc 15:40, 41).
O primeiro não judeu natural, mas um prosélito, o Etíope batizado nas águas, era o que chamamos hoje de ministro da fazenda ou secretário do tesouro; portanto um homem de elevada posição social e política (At 8). O primeiro gentio convertido e batizado era um militar de alta patente, um capitão que comandava uma guarnição militar do governo romano em Cesaréia (At 10).
Lídia, a primeira convertida na Europa, num culto ao ar livre numa manhã de sábado, era reconhecidamente uma mulher rica que trabalhava com tecidos; talvez viúva ou solteira tendo serviçais sob seu comando (At 16:14, 15). Louvamos sempre a atitude do Samaritano que socorreu o homem caído na estrada; mas se não possuísse posses, seu socorro não passaria de palavras de conforto.
Quando Jesus diz que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico se salvar, não está dizendo da impossibilidade desses se salvarem, mas que as riquezas e o conhecimento intelectual podem apresentar uma barreira. Quanto aos pobres, Jesus fala não de favorecimento, mas de prioridade

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