sábado, 10 de outubro de 2015

 (05/08/15)
NAVEGAR É PRECISO, viver não é preciso. A frase é atribuída ao grande poeta português, Fernando Pessoa; contudo, ela ganhou espaço e tornou-se objeto de reflexão, no século XIV com o poeta italiano Petrarca e; originalmente, pertence ao general romano Pompeu do primeiro século a.C. encorajando os marinheiros; receosos do mar sempre agitado e perigoso, belo e grandioso.
Lendo apressadamente ela parece dizer que “precisamos navegar, mas não precisamos viver”; contudo, o termo ai empregado não é sobre “necessitar”, mas sobre “precisão”; exatidão, certeza. Neste sentido, navegar é uma viagem precisa, antigamente feita com bússolas e astrolábios [um instrumento naval antigo]; hoje contamos com a moderna tecnologia dos satélites e GPS’.
As bússolas se baseiam numa agulha feita de um mineral magnético, capaz de captar o campo magnético terrestre e apontar sempre para a direção norte; e com isso torna possível a localização de direções, norte, sul, leste oeste. Instrumento inventado pelos chineses, mas o seu uso foi muito útil aos europeus na época conhecida como das “Grandes Navegações”; dos descobrimentos. Foi com uso de uma bússola que Cristóvão Colombo descobriu a América, e Pedro Alvares Cabral, ao Brasil.
Mas “viver não é preciso”; quer dizer que não se trata de uma “ciência exata”, não existe um método infalível que sirva para todos, não há como saber com “precisão” (exatidão) o dia de amanhã, nem como traçar meta exata para nossos filhos. Prudência, diligência, persistência, podem determinar o rumo da vida. A vida é feita de opções, oportunidades, não depende somente da pessoa e seus esforços; ela apresenta medos, insegurança.
O poeta Bíblico escreveu sobre esta “imprecisão” da vida: “Voltei-me, e vi debaixo do sol que não é dos ligeiros a carreira, nem dos valentes a peleja, nem tão pouco dos sábios o pão, nem ainda dos prudentes a riqueza, nem dos entendidos o favor, mas que o tempo e a sorte pertencem a todos” (Ec 9:11).
A primeira vista o texto parece desanimador, desencorajador, principalmente para aquelas pessoas que se acham “cheias de créditos” perante Deus, e pensam que tudo de ruim pode acontecer aos outros não tão fieis quanto ela; ledo engano.
O texto fornece preciosas explicações quando procuramos respostas na hora da tormenta. Um atleta pode estar bem treinado e sofrer uma câimbra ao aproximar-se do pódio. Uma pessoa pode ser prudente e fazer aplicações numa empresa rentável e confiável, e pode perder por causa de ladrões sabotadores na mesma empresa.
O texto de Eclesiastes ajuda-nos a entender, com humildade, que não somos uma exceção; estamos sujeitos às ações governamentais, a perda de emprego, perda de bens, doenças e morte [que só não atingirá os que estiverem vivos por ocasião da vinda de Jesus]. Ajuda-nos a não pecar, por atribuir como sendo “vontade e permissão de Deus”, acidentes violentos por imprudência, negligência, imperícia; estupros e assassinatos. Deus não tem dessas vontades, nem permitiria o que condena, A permissão de Deus nestes casos é em sentido genérico por não executar imediatamente esses violadores da lei.
Paulo viajava preso rumo a Roma, com marinheiros experimentados e essa “precisão” de chegar ao destino; mas a vida era imprecisa: enfrentou naufrágios, mordida de serpente, passou “por homicida e por um deus” ao mesmo tempo. Sigamos nossa viagem com esta bússola maravilhosa que “norteia” a nossa vida; nossa querida Bíblia! Cheia de orientações, consolações e palavras de esperança, mesmo diante das incertezas da vida. Tiago nos adverte sobre o perigo em planejar o futuro, excluindo Deus, pois o “viver não é preciso” (Tg 4:13-15)

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