quinta-feira, 14 de abril de 2016

"O LAVA-PÉS É DOUTRINA OU APENAS UM ATO?

Devido a narração Bíblica feita por João, quando Jesus lavou os pés dos seus apóstolos ao aproximar-se a páscoa, e no decorrer do gesto disse: “Ora se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros’ (João 13); isso tem feito algumas igrejas cristãs tomar estas palavras literalmente e aplica-las no cerimonial da Ceia do Senhor.
Tem um seguimento da cristandade que faz isso de público, via televisão, lavando os pés de pessoas simples numa demonstração de “humildade”; mas quem conhece as palavras de Jesus sobre esse procedimentos públicos para demonstrar humildade, sabe que Ele reprovou e chamou a isso de hipocrisia e orgulho religioso.
O que Jesus fez ao lavar os pés dos discípulos, no nosso entendimento, não foi estabelecer um novo cerimonial que deveria fazer parte da Ceia Memorial de Sua morte; mas dar uma lição de humildade e de serviço que deve ser prestado uns aos outros. A primeira e única celebração registrada na Bíblia, em Corinto, não consta que praticaram o lava-pés (I Co 11:17-34).
Outra referência ao lava-pés encontramos em I Tm 5:10; neste caso trata-se de um serviço prestado por viúvas piedosas, recomendado como requisito para serem inscritas como viúvas e assistidas pela igreja: deveriam ter mais de 60 anos e que tenha lavado os pés aos santos (os discípulos). Aqui não se trata de nenhuma cerimônia no templo ou nas reuniões; mas estas viúvas, assistidas pela Igreja, pertenciam a uma espécie de “ordem das viúvas”, que se dedicavam a oração e boas obras, e isto incluía a hospedagem e assistência aos obreiros e, conforme o costume local e cultural, a hospitalidade incluía lavar os pés dos visitantes que naquele tempo usavam sandálias nas estradas poeirentas.
As lições mais importantes neste ato de humildade de Jesus passam despercebidas: Quando Pedro levantou algumas questões, impulsivo e sincero como sempre, recusando deixar que Jesus lavasse os seus pés, e quando Jesus lhe disse que se não lavasse não teria parte com Ele, imediatamente foi ao outro extremo querendo que Jesus lavasse também as mãos e a cabeça; foi quando Jesus disse: “aquele que está limpo não necessita de lavar senão os pés”.
Jesus falava do banho que já haviam tomado, e aproveitou para dar um significado adicional, sobre a limpeza espiritual [a lavagem] que Deus faz no crente. Continuando com suas instruções disse: “Vós já estais limpos pela Palavra que vos tenho falado” (Jo 15:3). Mais tarde, nas instruções aos Efésios, Paulo seguindo na mesma linha, disse que a santidade e a purificação do crente são feitas por meio da lavagem com água pela Palavra (Ef 5:25, 26).
Claro que não está falando da água do batismo, essa não tem poder de lavar pecados; tem simbologia tanto de lavagem como sepultamento do velho homem (Jo 3:5; Col 2:11), mas o que purifica o crente é a aplicação da Palavra de Deus na sua vida.
O episódio incute preciosas lições, especialmente aos que tomam a dianteira do rebanho de Cristo, sobre a humildade; sendo prestativos e servindo amorosamente a seus irmãos, não só quanto às necessidades materiais, mas muito mais por suas necessidades espirituais.
Em sentido espiritual já fomos lavados pela Palavra e já simbolizamos isso no batismo, mas devido a imperfeição herdada, em nossa caminhada num mundo pecaminoso, podemos ser vítimas de alguma ‘sujeira’, mas nem tudo está perdido, nosso coração e cabeça [mente] continuam limpos, basta confessar humildemente e estaremos inteiramente limpos. Esta é a grande lição.

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