SEGUNDA PARTE E FINAL SOBRE O JEJUM: é a abstinência de toda alimentação por um período limitado, geralmente começa de um por do sol a outro, ou por dias seguidos. No passado, jejuns com a motivação correta visavam demonstrar verdadeiro arrependimento em relação a pecados cometidos; por isso era também conhecido como “afligir as vossas almas” (Lv 16:29-31).
O jejum era praticado diante de situações extremas, de grande perigo, quando exigia maior concentração nos propósitos do livramento divino; portanto, não era uma “greve de fome”, tipo uma penitência para se adquirir graça com sofrimento, o que já não seria graça, mas um momento de recolhimento e reflexão sempre seguido de orações e verdadeiro arrependimento.
Esdras, e os israelitas, depois de jejuar e se humilhar perante Deus, adquiriram tamanha confiança que Esdras ficou envergonhado da ajuda militar que havia pedido, e a dispensou, mostrando total confiança na mão de Jeová que ouviu suas orações (Ed 8;21-23).Mas aos Israelitas da Nova Aliança [os cristãos] não foi ordenado nenhum dia específico de jejum.
Quando Jesus exercia seu ministério terrestre deu o seguinte conselho em relação ao jejum: “Quando jejuardes não vos mostreis como os hipócritas; porque desfiguram os seus rostos, para que aos homens pareçam que jejuam. Em verdade vos digo que já receberam sua recompensa. Mas tu quando jejuardes unge a tua cabeça, e lava o teu rosto, para que não pareça aos homens que jejuas, mas a teu Pai, que está em oculto veja e te recompense” (Mt 6:16-18).
Jesus fazia alusão ao jejum insincero dos fariseus hipócritas, que mencionou mais tarde na ilustração do fariseu e do publicano que oravam no templo (Lc 18:9-14). O fariseu jejuava e obedecia a todos os mandamentos, mas sua oração foi rejeitada; enquanto o publicano, sem nenhum mérito pessoal, foi justificado por abrigar-se na misericórdia de Deus.
Precisamos ter em mente que abster-se de alimento meramente de modo formal, assim como outras práticas, pode tornar a pessoa muito religiosa, mas não lhe assegura comunhão com Deus; pelo contrário: pode até distanciá-la de Deus. Paulo disse que certas ordenanças impostas, incluindo o jejum, são doutrinas de homens, e embora tendo alguma aparência de sabedoria, devoção voluntária e piedade, servem apenas para a satisfação da carne (Col 2:20-23).
Cristo nos libertou de práticas que podem dar apenas uma fachada de piedade e submissão, promover uma religião auto-fabricada e castigar severamente o corpo. Embora a cristandade tenha imposto um jejum aos seus fieis em dias pré-determinados; contudo, nenhuma ordenança Bíblica há a esse respeito.
Os cristãos primitivos conservaram a prática do jejum em algumas ocasiões especiais, como em ordenações de novos anciãos (At 14:23); e ao designar missionários. Quando Paulo e Barnabé foram enviados a Ásia Menor, houve orações e jejuns (At 13:2, 3).
Já nos dias do profeta Isaías, quando o jejum era prática comum, Deus mostrou claramente que jejum com ostentação, como meio de justificação, com aparência de piedade, mas sem a humildade e a obediência aos seus mandamentos; tornam-se uma afronta a Deus: “Porventura não é este o jejum que escolhi, que solte os grilhões da iniquidade; desfaça as ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos, que repartas o pão com o faminto e vistas o nu?” (Is 58:6, 7).
Concluindo, podemos afirmar com segurança que os cristãos não estão sob uma ordem ou mandamento para jejuar, nem estão proibidos de fazê-lo; mas ao fazê-lo ostensivamente e em dias predeterminados estão seguindo a tradição religiosa que de Deus se apartou; e ao fazer do jejum um sacrifício para obter graça anula a Cristo.
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