(22/10/15)
SEMPRE que abordamos alguma aparente discrepância na tradução das Escrituras as pessoas são tentadas a pensar que não podemos confiar na Bíblia, e que ela contém erros; mas num exame mais cuidadoso vamos perceber que alguma aparente contradição deve ser atribuída aos parcos recursos da época; o fato de algumas palavras originais gregas/hebraicas, que podem ter mais de um sentido; então, quando há essa dificuldade o próprio contexto ajuda a sanar.
Alguns pensam que “inspiração” significa que Deus foi ditando cada palavra ao escritor. No Antigo Pacto até aconteceu isso em algumas ocasiões; mas no geral, e no Novo Testamento, homens santos escreveram movidos pelo Espírito Santo; às vezes baseados em informações que obtiveram. A única parte da Bíblia escrita pelo próprio Deus foi o Decálogo.
Veja o caso dos dois cegos curados por Jesus: Mateus cita que eram dois cegos e que Jesus os curou quando saia de Jericó (Mt 20:29-34); no entanto, Marcos e Lucas mencionam apenas um cego que fora curado, Marcos cita o nome dele, Bartimeu (Mc 10:46-51); por outro lado, Lucas, ao contrário de Mateus e Marcos diz que a cura aconteceu quando Jesus chegava em Jericó (Lc 18:35-43). Como explicar essa aparente discrepância?
Mateus provavelmente foi testemunha ocular e viu dois cegos serem curados. No caso de Marcos e Lucas, é bem provável que foram informados acerca de um cego que conheciam e; provavelmente alguém sabendo que Marcos o conhecia lhe enviou a notícia: Bartimeu foi curado; inclusive, o merecido destaque é porque Bartimeu ao clamar “filho de Davi”, mostrou fé na promessa feita que um da linhagem do rei Davi seria o prometido Messias.
Quanto ao fato de Mateus dizer que a cura se deu quando Jesus saia de Jericó; enquanto Lucas menciona que se deu quando Jesus entrava em Jericó; escavações arqueológicas [1907/1909] ajuda a entender essa aparente contradição: As escavações mostraram que a Jericó no tempo de Jesus era uma cidade dupla. A antiga cidade judaica ficava cerca de uma milha da cidade romana. À luz desta evidência, é possível que Mateus falasse da cidade judaica, da qual Cristo tinha saído, ao passo que Lucas falava da romana, a qual Cristo ainda não havia chegado.
Josué deteve o sol. Contradição? Primeiro que Josué não foi inspirado a escrever um tratado sobre ciência; quando a Bíblia toca em assuntos científicos ela é perfeita. Veja quando Isaías diz que Jeová está assentado sobre o globo da terra (Is 40:22); ou quando Jó diz sobre a terra suspensa sobre o nada (Jó 26:7). A ciência só descobriu isso séculos depois.
No caso de Josué o “sol parou pelo período de quase um dia” (Js 10:1-14). Hoje sabemos que a terra gira e não o sol, mas Josué não sabia disso, ele, como todos nós, vemos o sol “girar” no céu do nascente ao ocaso. Ele não estava escrevendo sobre ciência, mas relatando um fato.
Deus pode ter feito que o sol e a lua se estacionassem em suas posições em relação aos que estavam no cenário da batalha; e como isto poderia significar uma parada na rotação da terra, Deus também pode ter usado duma refração dos raios da luz solar e lunares para produzir o mesmo efeito.
Afinal Jeová pode utilizar aquilo que Ele mesmo construiu como lhe convém, assim como faz o homem com uma casa ou máquina que constrói. Deus velou para que a mensagem do seu amor e o plano de salvação chegasse até nós sem alteração, em qualquer tradução, o resto são detalhes.
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