quinta-feira, 22 de outubro de 2015

UMA CARTA PARA O APÓSTOLO PAULO:

 (22/10/15)
UMA CARTA para o apóstolo Paulo: Amado irmão, estou escrevendo para coloca-lo a par da situação do Evangelho do qual o irmão foi constituído “apóstolo dos gentios” (I Tm 2:7). Sabemos quantas perseguições lhe custou, num incansável trabalho para que nós gentios, adoradores de ídolos, cheios de crendices e práticas espíritas, abandonassem tudo isto e entendêssemos que o Deus de Israel é o único Deus verdadeiro, e que há somente um mediador entre Deus e os homens, que é Jesus Cristo (I Tm 2:5).
Por outro lado lemos a respeito de sua luta para que seus compatriotas judeus entendessem que os gentios estavam entrando para a Aliança com Deus, e incluídos nas bênçãos do Reino Milenar; sabemos que desse zelo mal direcionado dos judeus o irmão entendia muito bem, pois até o seu encontro com Jesus no caminho de Damasco, o irmão também foi um Israelita extremista e exclusivista.
Mas hoje, querido apóstolo, o que nos incomoda é que todo dia surgem homens usando o título de apóstolo; isto em si não teria mal algum, pois sabemos que a palavra apóstolo quer dizer “enviado, mensageiro”; mas eles criaram uma hierarquia, ficaram donos da obra; e alguns ordenam suas esposas como “pastoras e apóstolas”, visando aumentar a renda e o domínio. Ministérios de profetas, evangelistas, pastores e mestres, conforme o irmão ensinou (Ef 4:11), já perdeu o sentido. Dá trabalho apascentar ovelhas.
No seu tempo os apóstolos eram “fracos, desprezíveis, espetáculo para os homens, considerados loucos, sem morada certa, injuriados, lixo e escória”. Agora é bem diferente, trata-se de uma honraria muito grande; acercam-se de serviçais e seguranças que lhes admiram; cobram para fazer “palestras”, e eu fico lembrando com que dificuldade o irmão disputava na sinagoga com judeus e religiosos, e todos os dias nas praças com os que se apresentavam (At 17:17).
Eles não costumam pregar seus textos, pois o irmão fala muito da graça e da liberdade que temos em Cristo. Isso não soa bem hoje, pois a Igreja voltou à teologia da retribuição da antiga Aliança (só recebe quem merece; quem tem crédito). Falam mal da lei, mas alguns criaram escala de pecados e, diferente do irmão que reconciliou o fornicário incestuoso arrependido da Congregação de Corinto (I Co 5:1-5; II Co 2:1-11); eles contradizem o irmão dizendo que esse tipo de pecado não tem perdão. Falam da graça, mas graça limitada por eles; não do favor imerecido. Igreja virou a graça.
Lembra quando o irmão escreveu ao jovem presbítero Timóteo que o dinheiro é a raiz de todos os males? Hoje estas palavras estão sendo invertidas, e agora se prega que “o dinheiro é a solução de todos os males”. Um crente pobre, sem dinheiro, perseguido, às vezes doente, sendo esbofeteado por satanás, como o irmão foi, é considerado um crente sem fé; que não sabe “determinar”; e alguns dizem como aqueles disseram ao cego de nascença: Que ele fez para estar assim?
O irmão não ia se sentir bem se visitasse algumas de nossas igrejas. Não é bem visto por aqui, pois sempre foi muito humano, sem jamais esconder suas fraquezas, até reconhecendo contradições internas, dizendo que “o bem que prefere não faz, mas o mal que não quer sempre faz” (Rm 7:19). Eles não gostam disso, pois sempre se apresentam inabaláveis, sem espinhos na carne como você tinha. A presença deles é forte, a sua é fraca; eles não voltam atrás jamais. Não reconhecem erros. Querido apóstolo, volto a escrever-lhe qualquer dia. (carta fictícia, apenas uma reflexão)

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