(28/10/15)
JUDAS ISCARIOTES nasceu na cidade de Queriote, e pouco se sabe sobre sua família, apenas que era filho de Simão (Jo 6:71). Dos doze era o único que procedia da Judeia, os demais eram galileus. O fato de ter sido chamado ao apostolado e ser designado para cuidar das finanças, em vez de Mateus que tinha experiência em lidar com dinheiro e números, mostra que inicialmente ele alcançara favor.
Alguns entendem que Deus predestinou Judas para esse papel infame de traidor, mas isto é incoerente com as qualidades de Deus; entendemos que Deus usou da presciência discernindo que Judas cumpriria as profecias a respeito de Jesus de que um amigo íntimo levantaria o seu calcanhar contra Ele (Sl 41:9); mas deu oportunidade para que mudasse seu proceder.
Embora Jesus soubesse “desde o princípio” que seria traído por um amigo íntimo; estas palavras de João (6:64) devem ser entendidas “desde o princípio quando Judas tornou-se mau”, cedendo as inclinações pecaminosas, então Jesus sabia o caráter de Judas. Sem ser dogmático, entendemos que alguma coisa Deus ocultou temporariamente de Jesus, enquanto Homem; como exemplo: o dia da Sua 2ª Vinda (Mt 24:36).
Sobre a morte de Judas alguns têm visto uma discrepância nos dois relatos sobre a morte de Judas Iscariotes, pois enquanto Mateus relata que Judas enforcou-se (Mt 27:5); no relato de Atos é dito que ele “precipitando-se, rebentou pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram” (At 1:18).
Contudo, examinando cuidadosamente e juntando os dois relatos, vamos notar que Mateus parece tratar da maneira do pretendido suicídio, ao passo que em Atos Lucas descreve o resultado. Judas tentou enforcar-se no alto dum penhasco, mas a corda ou galho da árvore rebentou, de modo que despencou nos rochedos embaixo. A topografia em volta de Jerusalém torna isso concebível.
Outra questão relacionada com a sua morte, é quem comprou com as 30 moedas de prata o campo para servir de cemitério. Segundo Mateus, os principais dos sacerdotes decidiram que não podiam colocar o dinheiro no tesouro sagrado, de modo que eles usaram para comprar o campo. (Mt 27:6, 7). Mas quem lê Atos 1:18, 19, ali deixa transparecer que foi Judas quem “comprou um campo com o galardão da iniquidade”. A resposta a esta questão, é que os sacerdotes compraram o campo, mas, visto que foi Judas quem forneceu o dinheiro, com seu gesto tresloucado, então essa compra podia ser atribuída a ele.
Um perito em leis judaicas, Edersheim salientou: “Não era lícito incluir no tesouro do Templo, para compra de coisas sagradas, dinheiro que fora ganho ilicitamente”; em tais casos a Lei judaica prescrevia que o dinheiro devia ser devolvido ao doador, e, se este insistisse em doá-lo, que fosse induzido a gastá-lo em promover o bem [estar] público.
Por um artifício da lei, o dinheiro ainda era considerado pertencendo a Judas, e como tendo sido aplicado por ele na compra do “campo do oleiro”. Esta compra resultou no cumprimento da profecia que dizia: “Arroja isso ao oleiro, esse belo preço em que fui avaliado por eles. E tomei as trinta moedas de prata, e as arrojei ao oleiro na casa do Senhor” (Zc 11:13).
O proceder deliberado de Judas envolvia malícia, ganância, orgulho, hipocrisia e maquinação; por isso é dito que seria melhor para este homem não ter nascido; daí, o dinheiro maldito. Embora os detalhes sobre o suicídio de Judas pareça de pouca importância, é bom saber que estas e outras aparentes discrepâncias Bíblicas têm suas explicações
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