quinta-feira, 22 de outubro de 2015

A VAIDADE.

(22/10/15)
A VAIDADE. Quanto se fala em vaidade nos meios cristãos conservadores logo vem à mente algo pernicioso e mau. Geralmente se pensa e, quase sempre, vem os julgamentos e maledicência com as mulheres que extrapolam nos adereços e cuidados com a pele. Os homens, mesmo exigindo o uso da gravata como acessórios até para pregar, que nenhuma utilidade tem; não se consideram vaidosos.
Por falar em gravata, cujo termo deriva do francês “cravate”, que por sua vez é uma corruptela de “croar”; em referência aos mercenários croatas que primeiro apresentaram a sociedade parisiense a estreita e longa tira de tecido, presa por um nó, em torno do pescoço. Guerreiros do imperador chinês Shih Huang Ti também a usaram como símbolo de status e de elite entre as tropas.
Mas o que poderá assustar alguns é que arqueólogos identificaram em torno do pescoço de múmias egípcias, uma espécie de amuleto conhecido como “Sangue de Ísis” (deusa da mitologia egípcia), as quais tinham um cordão arrematado com um nó, cuja função seria proteger o falecido dos “perigos da eternidade” e; associam a origem da gravata a esta crença idólatra. Claro que seu uso hoje não tem nada a ver com isso; mas que não tem utilidade alguma é fato; apenas uma vaidade que faz parte da vida social na cultura Ocidental.
Bem, tudo isso, apenas para dizer que a “vaidade” em si não é condenável, por isso o escritor do Eclesiastes considerou que “debaixo do sol tudo é vaidade” (Ec 1). Graças à vaidade que aparamos os cabelos e a barba, penteamos pela manhã, e somos tão vaidosos nessa parte que mesmo que outra pessoa ou cabelereiro nos penteie, o toque final é nosso. Graças à vaidade que homens e mulheres escolhem cor e modelo de roupas que lhe caia bem, de acordo com seu corpo, cor da pele, ocasião, e meio social em que vive.
A Bíblia não dita moda, não é um figurino, e ela se adapta às diversas culturas. Um escocês que usa saia numa apresentação qualquer não estará vestido de mulher, porque a saia masculina do escocês difere da feminina; assim como os japoneses, árabes e africanos têm seu estilo próprio de vestir.
Quando a Bíblia diz “que não haverá trajo de homem na mulher, e não vestirá o homem vestido de mulher, pois isto é abominação ao Senhor” (Dt 22:5), não está se referindo a algum tipo de calça comprida, pois no tempo de sua escrita nem os homens usavam calças, mas a vestimenta de ambos era longa diferindo muito pouco uma da outra, em alguns casos apenas nos turbantes. O que o texto recomenda não é um tipo de vestimenta, mas a identidade dos sexos. O homem e a mulher deve se vestir de acordo com o seu sexo.
Quanto ao corte e frisado dos cabelos, bem como o uso de joias, falaremos em outra ocasião. A vaidade condenada por Deus é quando ela representa orgulho, ostentação, presunção, futilidade, soberba, amor próprio. A Bíblia recomenda que as mulheres cristãs sejam sensatas na maneira de vestir; tenham juízo e bom senso (I Tm 2:9; I Pe 3:3).
Mas tem uma vaidade pior ainda, que é a vaidade espiritual; pessoa que faz apologia de si mesma como a “menor de todas”; que através de cabelo e roupa ostenta uma santidade que não passa de “vaidade”; essa vaidade não faz parte da imperfeição herdada, mas de um orgulho bem no estilo do fariseu da parábola, quando disse: não sou como os demais.

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