quinta-feira, 22 de outubro de 2015

SOMOS PROTESTANTES OU NÃO?

 (22/10/15)
Muitos perguntam se somos protestantes tendo em vista que o termo tem sido usado em geral para descrever todos que comungam os princípios da Reforma, que tinha como dois objetivos principais questionar a autoridade do papa de Roma, e o segundo item da discussão que se tornou o núcleo nervoso da Reforma Protestante, foi sobre a justificação (salvação) que se dá somente pela fé em Jesus (Rm 5:1).
O protestantismo surgiu no século 16 na Europa com o objetivo de reformar a Igreja Católica Romana, que na época estava sendo confrontada por causa da venda de indulgências através do monge Tetzel, um enviado do papa que prometia tirar as almas do purgatório através das indulgências compradas por parte de um parente do falecido.
Na verdade a palavra “protestante” foi empregada pela primeira vez em 1529 com relação aos seguidores de Martinho Lutero, na Dieta (ou Assembleia Especial) de Speyer; Lutero era um monge pertencente a Ordem dos Agostinianos, doutor em Escritura, e seu objetivo inicial era Reformar a Igreja e não dividi-la.
Como a Reforma se fundamentava nos ensinos de Paulo quanto à justificação pela fé em Cristo, que dispensa o concurso das boas obras, conforme lemos: “Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras para que ninguém se glorie (Ef 2:8, 9); alguns grupos de cristãos remanescentes, e outros que já viviam fora da Igreja, logo se identificaram com o movimento de Reforma, e passaram a ser chamados também de protestantes.
Inicialmente era um termo pejorativo visando colocar os reformados numa situação constrangedora, pois passaram a ser vistos como hereges lutando contra a Igreja; mas conforme foi aparecendo a luz da Palavra de Deus as pessoas puderam arrazoar de que lado estava a verdade, pelo menos acerca das questões em discussão, então eles aceitaram o termo de serem chamados de protestantes, afinal, não protestavam contra Deus, mas contra os desvios.
O que veio fortalecer a Reforma foi o livre exame das Escrituras, como autoridade inquestionável em questões de fé e doutrina; todos podendo conferir as teses em discussão; entre elas, a questão do sacerdócio universal de todos os crentes, o que quer dizer que dispensavam (e dispensa hoje) a necessidade de mediadores, e que a confissão de pecados deve ser feita diretamente a Deus, pela mediação única de Cristo (I Tm 2:5).
Claro, isto não dispensa a confissão a qualquer irmão ou ministro, se esta “confissão” for no sentido de obter conselhos e orientação, e juntos orarem a Deus; este, sendo habilitado Biblicamente usará das “simbólicas chaves” da Palavra, abrindo a porta de graça e do perdão ao que pecou; mas a absolvição só Jesus pode dar, e o faz quando confessamos nossos pecados (I Jo 1:9)
Apesar de cristãos não católicos negarem a autoridade universal do papa [algumas igrejas católicas não romanas também negam]; e apoiarem de modo pleno a autoridade máxima da Bíblia; isto não quer dizer que todos os cristãos não católicos fundamentam sua fé na Reforma Protestante do século XVI.
Algumas igrejas evangélicas praticam doutrinas Bíblicas que vêm desde o cristianismo primitivo, e não eram temas do movimento de Reforma; o que é bastante compreensível. Deus ajustou a sua multiforme graça e sabedoria às necessidades daquele momento; assim, os Reformados do século XVI, mesmo não avançando muito em questões doutrinárias, foram corajosos e destemidos naquilo que Deus lhes confiou, fortalecendo a fé de muitos. Somos protestantes, e não somos, depende do sentido da pergunta.

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