terça-feira, 20 de outubro de 2015

PORQUE NÃO AO CORPUS CRISTI?

 (20/10/15).
UMA leitora pergunta por que não comemoramos “Corpus Christi?” Não comemoramos “Corpus Christi” porque procuramos seguir os padrões estabelecidos na Igreja Primitiva, nos ensinos de Jesus principalmente, e dos apóstolos que escreveram movidos pelo Espírito Santo, conforme escreveu Paulo: “Se alguém cuida ser profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor” (I Co 14:37).
Pois bem, as Igrejas Primitivas desconheciam completamente essa festa “Corpus Christi”; não há nenhuma referência Bíblica que a ampare. Na verdade a festa surgiu depois que o papa Urbano IV promulgou a bula “transiturus de hoc mundo” de 11 de agosto de 1264, a ser celebrada na quinta feira após a festa da “santíssima trindade”.
Transubstanciação, segundo o dogma católico, quer dizer que após a consagração feita pelo sacerdote o pão e o vinho se transformam no corpo literal de Cristo. A ideia surgiu a partir do 3º século com o desvio da igreja, mas logo de inicio dois papas, Clemente e Gelasio I, se opuseram a essa crença dizendo que “a natureza do pão e do vinho não se alteram”
Um dos “pais da igreja”, admirado por católicos e protestantes reformados, “santo Agostinho” (354-403) escritor, teólogo, filósofo, padre e doutor da igreja católica, parecia até zombar dessa ideia quando escreveu: “Não se pode engolir Aquele que subiu vivo para o céu”; mas a maioria prevaleceu.
Na verdade, a celebração se firma nas visões que tivera a freira agostiniana Juliana de Mont Cronilon [1193/1258], quando teve uma visão de que a igreja teria aparecido no semblante de uma lua cheia, mas atravessada ao meio por uma faixa escura como se faltasse uma festividade, dai, Cristo teria pedido que ela se empenhasse para que o “mistério da eucaristia” fosse celebrado com destaque. A festa de Corpus Christi foi decretada em 1269.
Pretende-se associar o sacramento da eucaristia com a última pascoa e celebração da primeira Santa Ceia, quando Jesus disse: “Isto é o meu corpo, isto é o meu sangue” (Mt 26:26, 27). Mas tanto a festa da páscoa quanto a celebração da Ceia do Senhor são memoriais.
Na páscoa o cordeiro simbolizava a Cristo, mas não tinha a áurea de “pedaço sagrado”; na Ceia acontece o mesmo, os elementos visam memorizar o sacrifício de Cristo dado em resgate, são símbolos e não se transformam literalmente no corpo e sangue de Cristo. Assim como batismo quando a água não lava pecados, mas simboliza “morte sepultamento e ressurreição com Cristo”.
Quando Jesus disse “isto é”, na verdade tem o mesmo sentido de “isto significa” [simboliza], e foi o que fizeram alguns tradutores, traduzindo as palavras originais para “isto significa”, e isto é correto porque quando Jesus disse estas palavras Ele estava vivo e, portanto, os elementos só podiam significar e não se transformar no corpo e sangue d’Ele.
Igualmente quando disse “Eu sou o caminho, a Porta, a Videira”, Ele não se transforma literalmente nestes elementos, mas simboliza, usa de metáfora para explicar verdades eternas.
Quando Jesus diz em João 6:56 “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim”, basta ler o contexto todo que notará facilmente que Jesus não está se referindo a “Ceia”, mas ao Pão do Céu [a Palavra]. Depois, Ele não iria mandar “beber sangue” quando o mandamento nos recomenda abster-se de sangue (At 15:29)

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