DEVOCIONAL: “UM POUCO DE LUZ” (05/10/15)
NÓS temos um irmão, não devo declinar o nome, mas conhecido de toda a nossa comum congregação, que causa certo desconforto nos cultos, principalmente naqueles cultos que se acostumou chamar de “cultos fervorosos”, nem sempre são, às vezes frases prontas, repetitivas, carregadas de promessas sem compromisso e sem embasamento Bíblico, mas sempre foi assim.
João, em sua narrativa, descreve uma multidão de quase cinco mil homens [calcula-se mais dez mil somando mulheres e crianças] que seguia a Jesus, e Ele compadecido, com apenas cinco pães e dois peixes que um rapaz trazia, fez a multiplicação alimentando toda aquela multidão e ainda sobejaram doze cestos.
Quem lê todo o capítulo 6 de João vai notar que, farta de “pão e peixe” [que perece] a multidão se dispersou, e no dia seguinte quando a multidão foi ouvi-lo na sinagoga em Cafarnaum, e Jesus começou a falar do Pão da vida [que permanece], que são seus ensinos, que vão muito além de bênçãos temporais, mas de aceitação da verdade de Deus, de compromissos que o discipulado exige, a multidão se mostrou desinteressada; saindo um a um; ficando somente os doze.
Como Jesus não estava a procura de multidões numa campanha para mostrar força, disse também aos doze que ficaram: Quereis vós ir também? Pedro, sempre mais atirado, sincero e verdadeiro, tomou a palavra e disse: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras de vida eterna, e nós temos crido e conhecido que Tu és o Cristo, o Filho de Deus (vs 66-71). Começasse certas igrejas a pregar a Palavra de Deus e deixar de oferecer tantos milagres e bênçãos temporais, e se esvaziariam rapidamente.
Bem, nosso assunto inicial era sobre o irmão que irrompe em glorias e aleluias, e às vezes atrapalha orações, impede que se ouça a pregação e, realmente incomoda bastante. Outro dia após a bênção apostólica, continuou de joelhos, e demorou até que diáconos o convencessem a se levantar e ir embora. Já “peitou” diáconos e anciãos que tentaram convencê-lo dos destemperos.
Quem não o conhece, mas eu já o visitei, talvez faça juízos apressados; mas ele tem uma prateleira de remédios controlados, da área de psiquiatria, mora sozinho, a mãe também depressiva faleceu, uma boa cristã e, diferente dele, se fechava, era de pouca conversa. Por isso, mais importante que congregar todos os dias em várias congregações é construir uma vida comunitária, conviver e compartilhar com os membros de nossa comum; conhecendo-os, oferecendo e recebendo ajuda mútua.
Conhecendo sua história de vida, considero um milagre que esteja assiduamente congregando; mesmo a seu modo, nos seus destemperos, às vezes desesperado e, quem sabe, a espera de um milagre, que talvez não aconteça agora, mas com certeza acontecerá naquele Novo Céu e Nova terra que aguardamos, quando a doença e a morte já não existirão e Deus enxugara todas as lágrimas.
Mas o que me chamou atenção é que sábado ele faltou ao culto e alguns que sentam perto dele estavam preocupados com sua ausência. Incomoda, mas querem tê-lo ali perto. Na verdade, sobreviver a todas estas tragédias e continuar exercendo fé em Jesus é o maior dos milagres.
Fiquei imaginando no amor de Jesus; incomparável e imensurável, como deve sentir falta quando um desses que “incomodam”, que socialmente seria melhor sem eles, às vezes envergonha a comunidade com suas atitudes; mas mesmo assim, o amoroso Salvador quer tê-los por perto, afinal, Ele veio para os doentes, de alma e corpo. Que pena que alguns que dizem servi-lo, não pensem assim.
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