sábado, 10 de outubro de 2015


AQUELA pessoa não vale um tostão furado! Com certeza os de mais idade ouviram muito esta frase. A moeda “tostão” era uma fração da nossa antiga moeda “Réis” que circulou até 1942; herdamos da pátria-mãe, Portugal, que depois a trocou pelo escudo, e nós pelo cruzeiro.
“Réis” era uma referência aos reis de Portugal, que perdeu a realeza trocando-a pelo escudo; e nós pelo cruzeiro, invocando nossas origens católicas sempre ligadas ao “cruzeiro” [a cruz]. No governo FHC novamente trocamos a moeda já desgastada e inflacionada, quando então foi criado o “Real”, lembrando assim, nossa vocação monárquica e pouco republicana; pois temos “reis” na música, no esporte e “rainhas” de toda sorte e de todos os concursos.
Assim, quando uma pessoa “não valia nada”, ou não prometia nada em relação ao futuro, costumava-se dizer que “não valia um tostão furado”; era uma referência a menor fração da moeda “Réis” que, além de valer quase nada, ainda tinha um pequeno orifício que permitia que o seu dono a guardasse numa espécie de argola evitando perdas. Eu não creio em maldição hereditária, pois não tem nenhum fundamento Bíblico; mas palavras podem influenciar negativamente uma pessoa, principalmente filhos.
Na Lei Moral dos Dez Mandamentos entregues a Moisés Deus diz que “que visitaria a maldade dos pais nos filhos até a 3ª e a 4ª geração daqueles que O aborrecem; mas isto não quer dizer que Deus pune o filho pela culpa do pai; é uma referência as consequências desastrosas do pecado, mas não castigo. Uma nação de mentirosos e fraudulentos, como tristemente está sendo a nossa, levará no mínimo 4 gerações para que se corrija esse pecado social. Doenças resultantes do fumo e do álcool, de vida promiscua, também afetam gerações.
Deus visita [assiste] as consequências desastrosas de uma família, onde a mentira, o álcool, negócios mal feitos, a licenciosidade tem lugar. “Visita essa maldade” [assiste essa degradação]; mas logo em seguida oferece sua misericórdia que vai muito além da 4ª geração, mas em “milhares aos que O amam e guardam os seus mandamentos (Êx 20:5, 6).
Os israelitas tinham um provérbio que dizia: “Os pais comeram uvas verdes e os dentes dos filhos embotaram”. Isto queria dizer que os filhos pagavam pelos pecados dos pais; mas Deus não gostava desse provérbio que lhe atribuía maldade contra os inocentes, e disse: Parem de falar isto! “Todas as almas são minhas, como a alma do pai, também a alma do filho é minha, a alma que pecar essa é que morrerá” (Ez 18).
Não bastasse isso, temos a promessa de Cristo de apagar todas as nossas transgressões, “riscando a cédula que era contra nós” (Col 2:14). Na carta aos hebreus é dito que “dos nossos pecados jamais se lembrará” (Hb 8:12).
Pecados apagados não têm como ser lembrados; portanto, não existe maldição alguma. O que existe são consequências. Deus não nos livra milagrosamente de consequências resultantes de nossos erros, de escolhas mal feitas, até para o nosso bem; contudo, não fica alheio, mas em sua bondade nos ajuda a superar. Os pais devem incentivar seus filhos, ajudando-os a descobrir talentos e aptidões.
Jesus demonstrou que não despreza o “tostão furado”: No caso da viúva pobre que ofertou duas moedas de pequeno valor, Jesus a elogiou como sendo a maior dentre todas as ofertas; e, na parábola da dracma perdida, moeda de tão pouco valor, Jesus mostra o quanto nos ama, mesmo quando aos olhos dos homens somos um “tostão furado” (Mc 12:41-44; Lc 15:8, 9).

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