NEPOTISMO. Filhos desobedientes. Pais relapsos. Acumulo de funções. Escolhas desastrosas. Todos estes componentes estão inseridos no capítulo 8 de 1º Samuel. A maravilhosa história de Samuel todos nós a conhecemos. Ana, sua mãe, era estéril, e humilhada por Penina sua rival e segunda esposa de Elcana. A lei em vigor permitia esses arranjos.
Angustiada ela vai a Casa de Jeová, centro de adoração, e derrama a sua alma no altar. O servo de Deus em serviço no templo, o sacerdote Eli, a tem por embriagada e a repreende com palavras duras, chamando-a de filha de Belial (significando imprestável); mas na época em que se reiniciou a escrita da Bíblia (NT) era usado como nome para satanás (II Co 6:15).
Ana, serva humilde, não se revoltou com o servo de Deus, demonstrando assim, que não era filha de Belial, apenas disse que não estava embriagada, mas amargurada de espírito. Isto tocou o coração de Eli, e tocou o coração de Deus que lhe mandou profetizar a bênção na vida de Ana, que era o desejo em ser mãe.
Mas Samuel constituiu seus filhos como juízes; e estes se tornaram avarentos, corruptos, aceitaram subornos. Samuel era um juiz itinerante e acumulava funções civis, religiosas e militares. Esse foi o ponto fraco do valoroso Samuel: em vez de recorrer ao bom discernimento do Espírito, seguiu o costume e cometeu o nepotismo; talvez tenha se envolvido tanto em seu ministério que não cuidou do bem estar de sua família. Não conheceu seus próprios filhos.
Isto acontece muito mais do que imaginamos. Pastores, anciãos, diáconos, obreiros em geral, se envolvem tanto na obra, as motivações variam, mas a verdade é que se esquece de suas famílias, e seus filhos acabam sendo um mau exemplo, desqualificando-os para seguirem no exercício do ministério (I Tm 3:4, 5).
O nepotismo é quando o ministério se torna uma “ação entre amigos”, quando toda a família se torna “ministeriáveis”; isto representa um perigo para a vida da igreja. Principalmente em igrejas aonde as decisões vem de uma cúpula que não pode ser contestada.
O desejável é que filhos de ministros continuem sendo chamados, desde que vocacionados por Deus e seus dons sejam manifestos em trabalhos e atuações que devem preceder a ordenação. Em nossa igreja tem recomendações Convencionais de que não se deve acumular cargos e funções; e que não sejam de uma mesma família, para que haja os necessários “questionamentos” quando surgirem parcialidades e outros desvios de conduta.
Finalmente toda essa tragédia cometida pelos filhos de Samuel levou o povo de Deus a fazer escolhas erradas. Pediram um rei humano, rejeitavam abertamente a Teocracia (governo de Deus) pela monarquia (governo humano). Não que Deus estive contra essa ideia, pois quando deu a lei a Moisés Ele previu essa possibilidade de Israel ter um governo humano como as demais nações; contudo, deveria ser um governo constitucional com leis bem definidas (Dt 17:14-20).
Mas esta escolha deveria partir de Deus, e Israel estava fazendo a escolha na ocasião errada e com motivos impróprios; e resultou na escolha de Saul, dentro da vontade permissiva, mas não preceptiva de Deus. Magnânimo de impulso, reto de caráter, heroico de ação; contudo, Saul foi desleal com Deus, perdeu a guia, consultou o espiritismo; morreu num ato suicida.
Num só capítulo quantas lições! Mais tarde Deus fez a escolha. Escolheu a Davi, cujo coração era segundo o coração de Deus; falho, mas não se apartou do Senhor, e estabeleceu um concerto eterno através de Jesus, o filho de Davi.
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