sábado, 10 de outubro de 2015

OS SANDEMANIANOS.


OS SANDEMANIANOS. Este foi um apelido que deram aos crentes que tiveram em sua liderança Robert Sandman (1718-1771). Ele havia sido contatado por um pastor itinerante, Calvinista, não conformista, John Glass e juntos estudaram a Bíblia em oração e chegaram a conclusão que algumas práticas da igreja oficial da Escócia não eram exatamente o que Cristo ensinou.
Crescendo o número de congregados, começaram a ordenar anciãos ministeriais sem nenhuma instrução universitária, sem entender grego e hebraico, desde que mostrassem alguma habilidade para o ensino e pastoreio, então eram designados, depois de uma oração em que sentiam a confirmação do Espírito Santo.
Quem era “fiel” à igreja da Escócia achou que isso, de designar leigos e separar-se da igreja oficial; beirava a blasfêmia. Foi nesta ocasião que Robert Sandman veio a se casar com a filha de Glass e veio a ser ordenado ancião na congregação dos Glassita. Foi uma época de controvérsias sobre a doutrina Calvinista da predestinação, e Sandman juntou-se aos que afirmavam que a fé era um pré-requisito necessário.
Mais tarde se uniu aos “Sandemanianos” o renomado cientista Michael Faraday, nascido na Inglaterra e considerado “o pai da eletricidade”; cuja descoberta da indução eletromagnética levou ao desenvolvimento do motor elétrico e da geração de energia. Ele foi grande conferencista sobre química e física na Fundação Real, em Londres.
Fortalecidos na fé, um grupo de anciãos estabeleceu uma congregação na América, no ano de 1764; contudo, os Sandemanianos desapareceram no começo do século 20, mas algumas de suas crenças e práticas doutrinárias [erros e acertos] estão em algumas congregações da atualidade.
Os Sandemanianos não se misturavam com quem não praticava o que a Bíblia ensina. Negavam-se, por exemplo, a participar de cerimônias de casamento na Igreja Anglicana (separada de Roma por causa do divórcio de Henrique VIII, negado pelo papa). Michael Faraday era tão radical que se recusava até mesmo ir a funerais de pessoas não crentes.
Sujeitavam-se aos governos, mas mantinham neutralidade política; e embora fossem respeitados na comunidade, raramente aceitavam cargos civis, não pegam em armas, e quando aceitavam cargos não se envolviam na política partidária. Eram desprezados porque proclamavam que o Reino de Deus era a única solução perfeita e afirmavam que a política era um jogo trivial e sórdido, destituído de moralidade (I Co 5:5, 11, 13).
“Tiravam a liberdade” (desassociavam) qualquer membro que se tornasse bêbado, que cometesse extorsão, fornicário, ou que praticasse pecados graves. Mas eles reconciliavam ao arrependido, conforme Paulo recomendou a Congregação de Corinto que fizesse ao irmão que fora desassociado (II Co 2:1-11).
Eles seguiam a ordem Bíblica de abster-se de sangue (At 15:29); mas não eram tão “puritanos” (zelosos) quanto a diversões e quanto a bebida. Não eram pregadores itinerantes e acreditavam que quando as pessoas viessem até eles, então dariam a razão de sua fé e crenças.
Alguns dos remanescentes Glassita (ou Sandemanianos como eram chamados nos EUA) se fundiram com a “Churches of Christ e Discipulos of Christ”, enquanto nas ilhas Britânicas se uniram aos Congregacionalistas. Como fruto desse trabalho na Escócia, surgiram muitas Assembleias Cristãs Livres que sobrevivem até nossos dias.
Lembrando ainda que nossa linhagem batismal foi herdada da “Igreja dos Irmãos” (Churcch of the Brethren), de origem Britânica e ramo da igreja livre surgida desses movimentos; que influenciaram e deram origem as Assembleias Cristãs Chinesas [Watchmam Nee e Witness Lee]. Assim, temos toda uma história do maravilhoso operar de Deus, sempre justando a sua multiforme graça e sabedoria às necessidades de cada época.

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